terça-feira, 13 de novembro de 2012

Uma noite em 68





Numa produção exclusiva do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o público terá a oportunidade de reviver ou conhecer a atmosfera do ano de 1968, através da música. Fernando Catatau e Céu comandam um espetáculo com releituras de clássicos de protesto da música brasileira da década. Soledad Brandão, Paula Tesser e Vitoriano também participam da festa, com a apresentação de músicas que embalaram os movimentos revolucionários.

"Nos anos 60 tivemos explosões culturais que atingiram todos os campos: dança, teatro, música... Diante desse contexto, acredito que no show podemos trabalhar com diferentes linguagens, pensando nas músicas como performances, no corpo como um objeto de protesto, um figurino trabalhado no contexto da época e por aí vai", adianta Soledad. "Vamos trazer à tona toda essa experiência não vivida por nós nesse período, mas que com certeza é sentida, já que tais artes e ações perpassaram esses anos e chegaram até aqui, nos influenciando", completa a atriz.

 Dia 14 de novembro, às 21h, no Anfiteatro. Ingressos: R$ 10,00/5,00


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Os versos de Geraldo Vandré marcaram o ano de 1968 no Brasil. Lançada quatro anos depois da instauração da ditadura militar, a música surgiu como um grito de libertação que expressava grande descontentamento com a violenta repressão policial que se espalhava pelo país. Estudantes se organizaram em passeatas, manifestações e festivais para gritar pela retomada de seus direitos civis. A morte do estudante Edson Luís, em 28 de março, durante um protesto, foi o estopim para que cada consciência despertasse sobre a necessidade de atitudes significativas para combater o regime ditatorial. Em 26 de junho, 100 mil pessoas se reuniram numa marcha histórica. A chamada Passeata dos Cem Mil levou às ruas do Rio de Janeiro uma multidão contra a repressão e o autoritarismo, na reivindicação pela redemocratização e pelo fim da censura. Era tempo de reunir coragem para lutar por ideais que tomavam as ruas também em outras partes do mundo. E lá vinham eles, unidos, ávidos por liberdade de expressão. A resistência pela democracia resultou em prisões, torturas, exílios e no decreto do AI-5 (Ato Institucional nº 5), série de decretos que dava poderes extraordinários ao presidente e suspendia garantias constitucionais aos cidadãos. Por outro lado, fazia também emergir demonstrações fortes da democracia que a juventude brasileira tanto queria. Começava ali um movimento que seguiria por 20 anos, até que conquista do direito ao voto fosse obtida, com a realização da campanha pelas "Diretas Já", em 1984.

Toda essa efervescência social abriu espaços para uma série de lançamentos de produtos na área cultural, quando a arte tornou-se instrumento de manifestação política e transformação, imbuída de, muitas vezes disfarçada, forte crítica social. As mais diversas linguagens traziam em seu escopo elementos que tentavam driblar os agentes fiscais do governo. Foi nesse contexto, em meio aos festivais, que emergiu o Tropicalismo, quando artistas passaram a mesclar elementos tradicionais da cultura nacional, inovações Matéria de Capa Guia Dragão do Mar 7 estéticas, sonoras, e letras com abordagens libertárias e ideológicas. Destacaram-se neste período personagens que viriam a mudar os rumos da música popular brasileira e influenciar as gerações seguintes, ícones como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Torquato Neto, Tom Zé, Jorge Ben, Gal Costa e Maria Bethânia.

Para resgatar todo esse contexto de luta que marcou a história do Brasil e suscitou uma rica produção cultural no país, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura apresenta neste mês de novembro o ciclo temático "Nós que Amávamos Tanto a Revolução". A partir de uma programação diversificada, você é nosso convidado a passear pelo passado.










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